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Outubro Rosa: além do câncer de mama, atenção também ao HPV e ao câncer de colo do útero

Outubro Rosa: além do câncer de mama, atenção também ao HPV e ao câncer de colo do útero

Outubro Rosa é o mês da conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Mas, nesta data, também é fundamental ampliarmos o olhar para outro grande desafio da saúde feminina: o câncer do colo do útero, diretamente ligado ao HPV (papilomavírus humano). Falar sobre o HPV é falar de autocuidado, prevenção e quebra de tabus.

O que é HPV?

O HPV, sigla para papilomavírus humano, é um grupo de mais de 200 tipos de vírus que infectam a pele e as mucosas. Alguns deles são considerados de baixo risco, responsáveis por verrugas genitais ou anais, enquanto outros são classificados como de alto risco, por estarem relacionados ao desenvolvimento de lesões precursoras e cânceres, principalmente o de colo do útero.

Dois tipos — o 16 e o 18 — respondem por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero em todo o mundo. Isso mostra a força desse vírus silencioso, que pode permanecer no organismo por anos sem causar sintomas.

Como ocorre a transmissão?

O HPV é altamente contagioso e se transmite, principalmente, por contato sexual. Não é necessário haver penetração ou troca de fluidos: basta o contato pele com pele ou mucosa com mucosa. O uso de preservativos ajuda a reduzir o risco, mas não impede totalmente a transmissão, já que há áreas da região genital que ficam expostas.

Também pode haver transmissão da mãe para o bebê durante o parto, embora seja menos comum.

Sinais, sintomas e diagnóstico

Na maior parte dos casos, a infecção pelo HPV é assintomática e desaparece sozinha graças ao sistema imunológico. Mas quando o vírus se manifesta, os sinais mais comuns são as verrugas genitais ou anais, que podem ter aspecto de “couve-flor”.

O grande desafio está nos tipos de alto risco: eles podem provocar alterações nas células do colo do útero sem causar sintomas perceptíveis. Essas mudanças só são detectadas por meio do exame preventivo, capaz de identificar lesões precursoras antes de evoluírem para câncer.

O que mudou nas diretrizes de rastreamento do HPV no últimos anos?

Houve um grande avanço com a substituição progressiva do exame de Papanicolau convencional pelo teste molecular de DNA para HPV de alto risco, considerado mais sensível. Segundo as diretrizes do Ministério da Saúde publicadas em 2023, o rastreamento agora é recomendado para mulheres de 25 a 64 anos, com teste de HPV a cada 5 anos, se o resultado for negativo.

 

Por que o teste de DNA para HPV é a melhor escolha em relação ao Papanicolau tradicional?

Porque ele tem maior sensibilidade, ou seja, consegue identificar a presença do vírus mesmo antes de causar alterações celulares. Isso permite uma detecção precoce de mulheres em risco real de desenvolver lesões pré-cancerosas ou câncer.

 

O que é a Genotipagem do HPV e qual seu papel no diagnóstico?

A genotipagem é a identificação exata dos tipos de HPV presentes em uma amostra. Isso permite reconhecer infecções por HPV 16 e 18, que têm maior risco de progressão para câncer. Nas novas diretrizes, a genotipagem é usada para definir o encaminhamento e a conduta clínica. Mulheres com HPV 16 ou 18 são encaminhadas para Colposcopia, mesmo sem alterações.

 

O que é Citologia em meio líquido e como ela difere do Papanicolau tradicional?

A citologia em meio líquido é uma forma mais moderna de coletar e preparar a amostra. A  célula do colo do útero é suspensa em um frasco com líquido conservante, o que permite melhor preservação, leitura mais limpa e possibilidade de reaproveitamento da mesma amostra para testes de HPV ou genotipagem. Já o Papanicolau convencional utiliza uma lâmina de vidro com fixação imediata, com maior risco de perdas técnicas.

 

O papel da citologia em meio líquido nas novas diretrizes

Ela é usada como teste reflexo, ou seja, quando o teste de HPV é positivo para tipos que não sejam 16 ou 18. A citologia em meio líquido é realizada com a mesma amostra coletada, sem necessidade de nova coleta, o que agiliza o diagnóstico e melhora o fluxo de atendimento. Além disso, apresenta outras vantagens como a redução na quantidade de amostras insatisfatórias, permite a detecção de infecções concomitantes como fungos e bactérias e, ainda possibilita a realização de outros testes utilizando-se a mesma amostra, como a genotipagem ou biomarcadores, se necessário.

HPV e câncer: uma relação importante

Estudos mostram que o HPV está presente em cerca de 99% dos casos de câncer de colo do útero. Além disso, o vírus também pode estar associado a outros tipos de câncer, como vulva, vagina, ânus, pênis e orofaringe (região da garganta).

No Brasil, o câncer de colo do útero é o terceiro mais frequente entre mulheres, ficando atrás apenas do de mama e do colorretal. É também a quarta causa de morte por câncer na população feminina. Dados que reforçam a importância de falar sobre o HPV no Outubro Rosa.

Prevenção: o que você pode fazer

A boa notícia é que existe prevenção eficaz contra o HPV:

  • Vacinação: disponível gratuitamente pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. A vacina protege contra os principais tipos do vírus, incluindo os que mais causam câncer.
  • Uso de preservativo: embora não seja 100% eficaz contra o HPV, continua sendo uma ferramenta fundamental na proteção contra infecções sexualmente transmissíveis.
  • Exames preventivos: mulheres de 25 a 64 anos devem realizar o exame preventivo regularmente, mesmo após a vacinação.
  • Hábitos de vida saudáveis: um sistema imunológico fortalecido também ajuda o corpo a combater o vírus.

Tratamento

Não existe um remédio que elimine o HPV do organismo, mas há tratamentos eficazes para as lesões causadas pelo vírus. Verrugas genitais podem ser removidas por métodos como crioterapia (congelamento), laser ou cirurgia. Já as lesões precursoras do câncer podem ser tratadas para impedir a evolução da doença.

O acompanhamento médico é fundamental, já que em alguns casos as lesões podem reaparecer.

Conclusão: informação que salva vidas

O Outubro Rosa é um convite à prevenção e ao cuidado. Falar de HPV é essencial porque estamos tratando de um vírus que pode causar câncer, mas que, ao mesmo tempo, pode ser combatido com informação, vacinação e exames preventivos.

Cuidar da saúde é um ato de amor-próprio. Converse com seu médico, faça seus exames em dia e incentive as pessoas ao seu redor a também se prevenirem. Quanto mais falamos sobre HPV e câncer de colo do útero, mais chances de salvar vidas.

Fonte: Ministério da Saúde